terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Chayiym

Certa vez, C.S. Lewis tentava fazer uma analogia da vida, quando observou um feixe de luz que atravessava o seu escuro depósito de ferramentas. Ao fazer isso, inicialmente, enxergou apenas um fio luzente repleto de partículas de poeira no ar. Mas quando teve a idéia de olhar ao longo dele, percebeu a presença de belas árvores balançando do lado de fora, um céu divinamente azul, e - mais além disso - um sol a cento e quarenta e nove milhões de quilômetros de distância.


Você nunca parou pra pensar que tudo isso pode ser apenas um complexo sistema nervoso com inúmeros hormônios desempenhando suas respectivas funções em seres que possuem um polegar oponível aos outros dedos e às demais espécies?

Ou que somos uma aquisição do pensamento na vida de um planeta que surgiu a partir de ligações entre aminoácidos?

Contemporaneamente dizemos: "Freud explica".


Quem sabe, se você olhar para o feixe de luz, essa resposta pode ser "sim". Logo porque não podemos ser ultrapassados ou desprovidos da luz da razão nesse mundo em que a metafísica é apenas uma barreira que temporariamente ainda não foi rompida. Num mundo em que as descobertas, as quebras de esteriótipos e tradições tornam os homens mais cultos. No mesmo mundo em que a cada dia são reduzidas as coisas relativamente belas e são multiplicadas as opções de destruição da humanidade.


Mas, no mesmo feixe, agora olhando ao longo dele, você pode escapar - só por um momento - dessa prática reducionista, e acompanhar um magnífico pôr-do-sol sem simplesmente abreviar aquele fenômeno a partículas de luz e energia. Sem reduzir sentimentos nobres a reações de hormônios em seu cérebro. Esqueça as sinapses, muitos viveram antes de nós sem precisar saber por que amavam ou choravam.

Por detrás de meros feixes, há sempre muita luz que ilumina um novo mundo.

Monzitti Baumann