quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Alma inconsciente



Estamos vivendo um tempo de esquizofrenia, de uma realidade paralela gerando atitudes que não expressam consciência e lucidez. As ambições pequenas e medíocres estão levando pessoas a traçarem caminhos tortuosos e sem direção. A mecanicidade dos sentimentos e das ideias estão cauterizando as mentes e gerando regimes fascistas dentro da alma de muitos. E tudo isso está acontecendo da pior maneira que poderia acontecer, de forma sutil e progressiva, mas avassaladora e perene.

Ficou mais fácil estar "regularizado" dentro dos círculos religiosos a partir de uma moral institucional, fabricada em larga escala. Afinal, o que é mais difícil: não matar alguém ou amá-lo?
Quando Cristo foi questionado por seus discípulos acerca de qual mandamento era o mais importante Ele nos passa o que se pode resumir como sendo o espírito do Evangelho: "Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes." (Mc 12:30-31)

Jesus transforma dez frases iniciadas com a palavra "não" (não matarás, não roubarás, não cobiçarás a mulher do próximo...) em duas onde essa palavra é omitida e substituída por uma chamada amor, sucedida por outras como entendimento e força. O que Ele estava fazendo era trazendo uma responsabilidade que parecia ser estética (no caso, a lei), pois a lei condenava a externalização do que era gerado dentro da alma como consumação do fato em si, e chamando-a para dentro. Num esboço um pouco técnico do que seria essa compreensão, posso resumir em : "Se você não lesar o seu próximo, pela lógica legalista você está correto. Porém, se você simplesmente não amá-lo, dentro da consciência do Evangelho da Graça, você já está corrompendo a mensagem de Cristo."

Por isso, o Evangelho é pra quem tem coragem de amar. Na caminhada rumo ao aperfeiçoamento da nossa semelhança com Jesus, esta é a tarefa mais difícil. Precisamos de muita misericórdia e verdade para não agirmos mecanica e burocraticamente com Deus, adornados de folhas verdes e majestosas da falsidade moral, mas sem frutos verdadeiros que geram vida, assim como a figueira que Jesus matou saindo de Betânia. Que vivamos essa Palavra de dentro pra fora e sejamos os insanos rebeldes que cometem a loucura de negarem o "si mesmo" da inconsciência, segundo o mundo de hoje.

Que a paz esteja com todos e a glória com Ele, que me dá consciência de viver no seu amor.

Monzitti Baumann

Petrolina - Pe.

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